LIBERDADE


"Aqui nesta praia onde não há nenhum vestígio de impureza, aqui onde há somente ondas tombando ininterruptamente, puro espaço e lúcida unidade, aqui o tempo apaixonadamente encontra a própria liberdade."

Sophia de M. B. Andresen

domingo, 21 de julho de 2013

MINHA FILHA ANDARILHA


Por
Mércia Carvalho


Já andei de Norte a Sul deste país atrás da minha filha andarilha.
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Nascida em Natal, morou em Brasília, Recife, São Paulo, Macapá, São Borja-RS, Parnaíba-PI e, atualmente, Santa Maria-RS, pense numa menina andeja!
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Não pense que ela é caixeiro-viajante, é professora universitária. Minha filha, quando em busca dos seus objetivos, é a pessoa mais determinada que eu conheço e de quem tenho muito orgulho. Pense numa filha!
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Sempre que podemos, estamos juntas, independente do lugar em que ela esteja. Largo tudo: casa, trabalho, marido e filhos. Lá vou eu lhe fazer um “carinhosinho” de mãe e, agora, também de avó. Aliás, pelos meus filhos vou até a Konchichina.
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Por causa dela tenho tido a oportunidade de conhecer esse Brasil.
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Encantei-me com a região amazônica quando tive oportunidade de conhecer o Amapá. Nunca comi tanto peixe na vida olhando para o rio Amazonas que banha a capital. Até hoje, não esqueço o pirarucu a milanesa com castanha e molho de taperebá – o nosso cajá – prato ganhador de um festival gastronômico e incorporado ao cardápio do Restaurante Cantinho do Baiano em Macapá. Pelo nome percebe-se que o nordestino está em todo lugar...
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A minha avó paterna, de quem herdei o nome e o gosto pelas comidas exóticas da sua região, me fez adorar pupunha, pato no tucupi, tucunaré, pirarucu e por aí vai. Ela era amazonense.
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Só espero que um dia a minha andarilha volte ao seu porto seguro, Natal, mas, enquanto isso não acontece eu vou atrás dela.

06/02/2011

domingo, 14 de julho de 2013

A GALINHA VOADORA


Por
Mércia Carvalho

No princípio dos anos 1980, ainda em Brasília, costumávamos nos finais de semana, reunir a colônia natalense no nosso “clube” para o almoço semanal.
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 Havia sempre uma reunião, mais um motivo de farra, para decidir sobre o que iria ser feito a cada almoço. Naquela semana, a opção do cardápio, sempre calórico, era galinha de cabidela com feijão verde, vindo de Natal e farofa de cuscuz.
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O encarregado pela compra das galinhas foi à Feira do Guará, a mais nordestina das feiras brasilienses, e “inteligentemente” trouxe duas galinhas, vivas! Quem iria sacrificar as pobres coitadas?
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Nenhum dos “meninos corajosos” se habilitou e coube a mim, com a ajuda do meu “cumpade” matá-las. Tadinhas!
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Pegamos à primeira delas e - lembrando-me como na minha infância via minha avó fazer -, pedi que ele a prendesse pisando as asas com um pé e as pernas com o outro, enquanto eu, de posse de um prato fundo com vinagre para colher o sangue, e a faca na outra mão, estava prestes a me torna uma assassina.
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E assim, foi feito. Depenei o pescoço da pobre coitada, dei umas palmadinhas com a faca, para espalhar o sangue, e quando sangrei a bichinha o meu cúmplice no assassinato a soltou. A vítima, ferida de morte, começou a voar e pular, se debatendo até seu instante final. Todos que estavam a nossa volta saíram ensangüentados. Lá se fora a nossa cabidela!
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Mas, ainda faltava à outra para sacrificar e eu, apesar do meu peso pena, me coloquei na posição de abate, mandei aqueles homens “corajosos” saírem e sozinha, assumi e conclui o ritual.

07 de novembro de 2010

domingo, 7 de julho de 2013

EU AQUI PARA VIVER

Fazenda Pavilhão - Nísia Floresta

Por 
Mércia Carvalho


Nasci morrendo e lutando para viver.
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Vim ao mundo através do chamado “nascimento falhado” - em que o bebê nasce com os pés – na nossa casa, em Nísia Floresta, pelas mãos de dona Maria Parteira.
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Batizada com o nome de Maria, pela parteira logo ao nascer, meu pai acrescentou Mércia ao me registrar em homenagem a sua mãe, Maria Mércia, uma bela amazonense filha de portugueses, de lindos olhos cor de anil, de quem, além do nome, herdei a força e a coragem de saber encarar a vida de frente, apesar das adversidades.
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Para conseguir chegar até aqui me agarrei à vida e ela me buscou e me acolheu.  Tive que aprender a vivê-la, caindo, levantando e seguindo sempre em frente. Se hoje levo uma queda, amanhã já estou de pé, reinventada e pronta para mais um desafio.
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Pela vida vou caminhando e aprendendo, semeando com o coração sempre aberto para ajudar, dar, perdoar, entender, unir e amar.
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Às vezes me perco na minha caminhada. Procuro-me e me encontro. Posso até parecer boba, mas não sou burra. Em algumas coisas, ingênua. Mas não sou santa.  Viro uma fera quando necessário. Tenho a alma liberta e um sorriso franco, embora algumas vezes, quando a vida faz as suas exigências, sorria para não chorar.
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Estou em busca da realização dos meus sonhos e desejos. Estou aqui para viver!