LIBERDADE


"Aqui nesta praia onde não há nenhum vestígio de impureza, aqui onde há somente ondas tombando ininterruptamente, puro espaço e lúcida unidade, aqui o tempo apaixonadamente encontra a própria liberdade."

Sophia de M. B. Andresen

domingo, 23 de junho de 2013

Na fogueira de São João eu quero brincar...


Por 
Mércia Carvalho

Neta de baloeiro (naquela época podia soltar balão), filha de pai festeiro chegado a um forró pé de serra e mãe chegada a uma comilança, eu não poderia ter saído de outro jeito e não ser chegada a uma festança com arrasta pé e comes e bebes.
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Desde criança, durante o período junino, assistia meu avô materno fazendo balões, para soltá-los na noite de São João, em frente a sua casa no oitão da igreja, lá em Nísia Floresta.
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Mamãe, junto com todas as suas “afilhadas” se embrenhava na cozinha para dar conta do tacho imenso de canjica e pamonha – naquela época era comum presentear os vizinhos e parentes com um prato de canjica - além de arroz doce, bolo pé-de-moleque, bolo de mandioca mole, bolo de batata doce e por aí vai, enquanto ficávamos a espreita para raspar o tacho da canjica e lamber a tigela de bolo.
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Papai se empenhava em construir a imensa fogueira defronte a casa e comprava caixas e mais caixas de fogos para deleite da meninada.
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Estava armado o nosso arraial.
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No cair da noite meu pai acendia a fogueira e começava a festança e enquanto as espigas de milho e batata doce eram assadas na fogueira, ele fazia a distribuição dos fogos entre a filharada.
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A potência dos fogos ia de acordo com a idade e a coragem de cada um. Eu jamais ia além dos traques de chumbo e das estrelinhas - a cada estouro de uma bomba era um choque que eu levava e um pulo que eu dava -, assistia de longe os meninos maiores estourarem as bombas pirulito em baixo de uma lata só pra ver a altura em que ela ia.
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Lembro certa vez eu estava feliz da vida queimando a minha estrelinha quando minha irmã mais velha chegou do meu lado para soltar um “peido de véia” e o danado explodiu na sua mão. O meu susto foi tão grande que desmaiei.
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Que Santo Antonio, São João e São Pedro me perdoem, mas se existe uma coisa nos festejos juninos que eu não acho a menor graça, são as famosas bombinhas.
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Freud explica.

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