Por
Mércia Carvalho
No princípio dos anos 1980, ainda em Brasília, costumávamos nos finais de semana, reunir a colônia natalense no nosso “clube” para o almoço semanal.
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Havia sempre uma reunião, mais um motivo de farra, para decidir sobre o que iria ser feito a cada almoço. Naquela semana, a opção do cardápio, sempre calórico, era galinha de cabidela com feijão verde, vindo de Natal e farofa de cuscuz.
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O encarregado pela compra das galinhas foi à Feira do Guará, a mais nordestina das feiras brasilienses, e “inteligentemente” trouxe duas galinhas, vivas! Quem iria sacrificar as pobres coitadas?
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Nenhum dos “meninos corajosos” se habilitou e coube a mim, com a ajuda do meu “cumpade” matá-las. Tadinhas!
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Pegamos à primeira delas e - lembrando-me como na minha infância via minha avó fazer -, pedi que ele a prendesse pisando as asas com um pé e as pernas com o outro, enquanto eu, de posse de um prato fundo com vinagre para colher o sangue, e a faca na outra mão, estava prestes a me torna uma assassina.
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E assim, foi feito. Depenei o pescoço da pobre coitada, dei umas palmadinhas com a faca, para espalhar o sangue, e quando sangrei a bichinha o meu cúmplice no assassinato a soltou. A vítima, ferida de morte, começou a voar e pular, se debatendo até seu instante final. Todos que estavam a nossa volta saíram ensangüentados. Lá se fora a nossa cabidela!
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Mas, ainda faltava à outra para sacrificar e eu, apesar do meu peso pena, me coloquei na posição de abate, mandei aqueles homens “corajosos” saírem e sozinha, assumi e conclui o ritual.
07 de novembro de 2010
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