LIBERDADE


"Aqui nesta praia onde não há nenhum vestígio de impureza, aqui onde há somente ondas tombando ininterruptamente, puro espaço e lúcida unidade, aqui o tempo apaixonadamente encontra a própria liberdade."

Sophia de M. B. Andresen

domingo, 14 de julho de 2013

A GALINHA VOADORA


Por
Mércia Carvalho

No princípio dos anos 1980, ainda em Brasília, costumávamos nos finais de semana, reunir a colônia natalense no nosso “clube” para o almoço semanal.
.
 Havia sempre uma reunião, mais um motivo de farra, para decidir sobre o que iria ser feito a cada almoço. Naquela semana, a opção do cardápio, sempre calórico, era galinha de cabidela com feijão verde, vindo de Natal e farofa de cuscuz.
.
O encarregado pela compra das galinhas foi à Feira do Guará, a mais nordestina das feiras brasilienses, e “inteligentemente” trouxe duas galinhas, vivas! Quem iria sacrificar as pobres coitadas?
.
Nenhum dos “meninos corajosos” se habilitou e coube a mim, com a ajuda do meu “cumpade” matá-las. Tadinhas!
.
Pegamos à primeira delas e - lembrando-me como na minha infância via minha avó fazer -, pedi que ele a prendesse pisando as asas com um pé e as pernas com o outro, enquanto eu, de posse de um prato fundo com vinagre para colher o sangue, e a faca na outra mão, estava prestes a me torna uma assassina.
.
E assim, foi feito. Depenei o pescoço da pobre coitada, dei umas palmadinhas com a faca, para espalhar o sangue, e quando sangrei a bichinha o meu cúmplice no assassinato a soltou. A vítima, ferida de morte, começou a voar e pular, se debatendo até seu instante final. Todos que estavam a nossa volta saíram ensangüentados. Lá se fora a nossa cabidela!
.
Mas, ainda faltava à outra para sacrificar e eu, apesar do meu peso pena, me coloquei na posição de abate, mandei aqueles homens “corajosos” saírem e sozinha, assumi e conclui o ritual.

07 de novembro de 2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário