LIBERDADE


"Aqui nesta praia onde não há nenhum vestígio de impureza, aqui onde há somente ondas tombando ininterruptamente, puro espaço e lúcida unidade, aqui o tempo apaixonadamente encontra a própria liberdade."

Sophia de M. B. Andresen

sexta-feira, 20 de abril de 2012

HISTORIA DE PESCADOR

Imagem Google

Praieira de nascença e de criação.
.
Durante todo o ano não havia um domingo que papai não levasse a sua prole grande, em cima do seu jipe ou camioneta, as praias ou lagoas de Nízia Floresta.
.
A princípio, ainda pequenas, eu e minhas irmãs, veraniáva-mos em Tibau do Sul, uma das primeiras casas de veraneio, ainda de taipa, era nossa. Lembro-me que às sextas-feiras, ficávamos em cima da falésia assistindo papai fazer a travessia da Lagoa de Patané, em Surubajá, na canoa de seu João com a nossa feira.
.
Lembro-me, ainda, que como o veraneio era longo, de novembro a março, tínhamos aula particular com Maria José filha de seu Quinco. De Tibau, recordo, na minha visão infantil, das festas populares, do Fandango e, principalmente, do Boi de Reis com o seu imenso Jaraguá.
.
Depois que meu pai tonou-se comerciante, e com cinco filhos a mais, já não tínhamos um veraneio longo, mas o seu espírito aventureiro de pescador não deixava escapar um só final de semana ou feriado. E lá íamos nós passar o dia na Barreta, deixava-mos o carro em Campo de Santana e escalava-mos o morro com toda a bagagem até a praia, na casa de Zé de Tatá e dona Alzira ou num terreno que ele tinha a beira mar de Camurupim, em frente à Pedra Oca, sem que na volta deixasse-mos de tomar um banho doce na Boa Cica. Era uma verdadeira aventura. Um verdadeiro pic-nic.
.
Quando não íamos à praia, íamos às inúmeras lagoas da minha terra, Bonfim, Carcará, Arituba, Boágua... Tínhamos o costume de arrodear à Boágua para colher "guajiru" e papai, como bom desbravador, descobriu na outra margem, à beira da lagoa, um cajueiro grande que, adotado por todos nós, foi limpo e tornou-se o nosso refúgio. Embaixo da sua copa, onde redes eram armadas, sentava-mos a sua sombra para o almoço e a nossa frente uma lagoa linda e limpa onde passávamos o dia a brincar pulando de "trapiche" construído por ele para o nosso lazer, com o tempo tornou-se conhecido como "o cajueiro de seu Ruy".
.
Pela infância que tive adoro rios, lagoas e o mar e tudo que deles vêm.




Mércia Carvalho



Nenhum comentário:

Postar um comentário