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Praieira de nascença e de criação.
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Durante todo o ano não havia um domingo que papai não levasse a sua prole grande, em cima do seu jipe ou camioneta, as praias ou lagoas de Nízia Floresta.
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A princípio, ainda pequenas, eu e minhas irmãs, veraniáva-mos em Tibau do Sul, uma das primeiras casas de veraneio, ainda de taipa, era nossa. Lembro-me que às sextas-feiras, ficávamos em cima da falésia assistindo papai fazer a travessia da Lagoa de Patané, em Surubajá, na canoa de seu João com a nossa feira.
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Lembro-me, ainda, que como o veraneio era longo, de novembro a março, tínhamos aula particular com Maria José filha de seu Quinco. De Tibau, recordo, na minha visão infantil, das festas populares, do Fandango e, principalmente, do Boi de Reis com o seu imenso Jaraguá.
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Depois que meu pai tonou-se comerciante, e com cinco filhos a mais, já não tínhamos um veraneio longo, mas o seu espírito aventureiro de pescador não deixava escapar um só final de semana ou feriado. E lá íamos nós passar o dia na Barreta, deixava-mos o carro em Campo de Santana e escalava-mos o morro com toda a bagagem até a praia, na casa de Zé de Tatá e dona Alzira ou num terreno que ele tinha a beira mar de Camurupim, em frente à Pedra Oca, sem que na volta deixasse-mos de tomar um banho doce na Boa Cica. Era uma verdadeira aventura. Um verdadeiro pic-nic.
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Quando não íamos à praia, íamos às inúmeras lagoas da minha terra, Bonfim, Carcará, Arituba, Boágua... Tínhamos o costume de arrodear à Boágua para colher "guajiru" e papai, como bom desbravador, descobriu na outra margem, à beira da lagoa, um cajueiro grande que, adotado por todos nós, foi limpo e tornou-se o nosso refúgio. Embaixo da sua copa, onde redes eram armadas, sentava-mos a sua sombra para o almoço e a nossa frente uma lagoa linda e limpa onde passávamos o dia a brincar pulando de "trapiche" construído por ele para o nosso lazer, com o tempo tornou-se conhecido como "o cajueiro de seu Ruy".
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Pela infância que tive adoro rios, lagoas e o mar e tudo que deles vêm.
Mércia Carvalho
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