Nossa família reunida
PorMércia Carvalho
Ruy de Carvalho, meu pai, nascido em Papary, hoje Nísia Floresta, e criado na “Fazenda Pavilhão”, foi o homem a quem sempre tive o orgulho e o privilégio de chamar de pai. Era Bonito, principalmente por dentro, íntegro, honesto, honrado e digno. Homem simples, como simples foi sua vida. Rude. Mas, doce.
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A sinceridade e a lealdade lhe acompanharam durante toda sua caminhada.
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Homem que amou. Ah, como meu pai amou! Amou tanto, que acho que morreu de amor. Homem que sofreu. Ah, como meu pai sofreu! Sofreu por amor. Sentiu solidão. Quanta solidão!
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E eu já adulta, trabalhando, criando meus filhos, andando pela vida... Adotei-lhe. Na minha casa brincando com meus filhos, cabelos brancos denunciando o cansaço da vida e rugas marcadas pelo tempo, na luta de ser sempre um pai.
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E eu não via mais um pai, mas um amigo. Que saudade, pai! Que saudade, meu amigo! Saudade das nossas idas ao sítio “Coqueiros”. Saudade dos nossos planos, dos nossos sonhos... Quantos sonhos sonhamos juntos! Quantos planos fizemos juntos!
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Ensinei-lhe a dizer: eu lhe amo. E como lhe amo, meu pai. E como tenho certeza do seu amor por mim.
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Você sempre me dizia que eu ainda iria ser muito feliz. Na sua debilidade nunca teve a consciência das minhas perdas e, também, dos meus ganhos nesses últimos tempos.
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Na última vez que eu lhe vi, talvez em seu derradeiro lampejo de consciência, eu disse:
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- Eu lhe amo, papai.
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Você me respondeu quase sem voz:
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- Eu lhe amo demais!
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Você me disse tudo meu pai. Você conseguiu.
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E agora você aí tão calmo, sereno... Pai, meu amigo, a gente se encontrará um dia para matar a saudade e falar do nosso amor... Para você mais uma vez me chamar de filha...
04/04/2007
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