LIBERDADE


"Aqui nesta praia onde não há nenhum vestígio de impureza, aqui onde há somente ondas tombando ininterruptamente, puro espaço e lúcida unidade, aqui o tempo apaixonadamente encontra a própria liberdade."

Sophia de M. B. Andresen

domingo, 26 de agosto de 2012

SABORES GOIANOS


Imagem Google
Outro dia, eu e Leo almoçamos uma “paela” maravilhosa na casa de um casal de amigos. Ela, uma goiana de nascimento, mineira de criação e nordestina de coração, com aquele jeito que só quem é daquela região sabe ser, nos recebeu no melhor estilo. Imagine!

Conversa vai, conversa vem e eis que os sabores goianos tornam-se o centro das atenções. Ela nos falou que em Goiás, o tradicional mesmo é o “Arroz de Puta Pobre”, uma receita que junta arroz e sobras, tipo daquelas para limpar geladeira, e, que com o aprimoramento, a receita transformou-se em “Arroz de Puta Rica”, contou-nos, rindo, a lenda urbana goiana.

 “Antigamente, nas casas de ‘tolerância’ goianas, as ‘moças’ que ali trabalhavam, ao final do “expediente”, tinham, ainda, que fazer a própria comida. Faziam arroz adicionando todas as sobras que encontravam na geladeira. A comida, servida inclusive aos clientes, foi se tornando conhecida como arroz de puta pobre”, contou minha anfitriã. “Uma cafetina francesa, rica, instalada na cidade, percebeu que para não perder a clientela deveria ‘fazer a diferença’ e aperfeiçoou o prato incrementando-o com açafrão, pedaços de frango, costelinha, calabresa e legumes. Para a dona do bordel, o tradicional era muito pobre para o nível de seu estabelecimento, e com a quantidade de ingredientes acrescentados a sua receita, o seu prato ficou conhecido como Arroz de Puta Rica”, completou.

Achei o máximo! E a minha imaginação foi à mil.

Imaginei aqui em Natal, a dona do nosso mais famoso cabaré, Maria Boa, (que Deus a tenha), se tornando, também, conhecida pela maravilhosa comida servida em seu estabelecimento. E os ‘coitados’ dos homens casados, flagrados no antro de perdição, se desculpando que tinham ido “somente” comer o Arroz de Puta Rica.

Imaginei, também, o personagem de Gabriel Garcia Márquez em seu livro “Memórias de Minhas Putas Tristes”, lembrando-se de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar aos seus bons clientes quando tinha alguma novidade disponível. Imagine!

Fiquei encantada com a receita, tanto pela História de sua criação quanto pelo seu nome sugestivo. Não apenas por ser um prato substancioso e completo, mas pela delícia que ele é. 

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