Há quem possa dizer que todo amor, por passar pelos estágios da atração e da paixão, é maduro. Penso que ele, o amor, vai amadurecendo na medida do tempo. Quando é respeitoso, cúmplice, cresce e se transforma em algo tão prazeroso que não cabe somente no casal. Contagia, torna-se bonito de ver porque transmite, sobretudo, paz e serenidade. O escritor Artur da Távola bem o definiu: "O amor maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas silencioso. Não é menor em extensão. É mais definido colorido e poetizado. Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento. O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu, mesmo tento ficado para depois, vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados, cheios de sementes." A definição de Artur da Távola poderia encerrar a crônica pela riqueza da definição sobre o amor maduro. Entretanto, devo confessar o amor maduro que começa na idade madura, e não o amor que amadurece naturalmente. Uma história real de um amor que nasce entre duas pessoas que há muito não se via e que se encontram durante um tempo de solidão e alguns sofrimentos. Amor que se sobressaia de uma antiga amizade e que brota tão puro, tão sincero que dá a impressão de existir a muitos anos. Esta é a sensação do meu amor maduro. Encontrado por acaso numa noite morna de uma quarta-feira estrelada. Teria sido um acaso ou uma providência? Creio na providência, na cumplicidade de Deus, que permitiu que duas pessoas solitárias pudessem se encontrar para uma nova vida. Também, por causa do desdobramento poético e tranqüilo desse encontro que nos uniu de forma tão intensa. Porque amar é buscar a simplicidade do sentimento, sem inibições, subterfúgios, mentiras. Amar é simplesmente se deixar levar pelo equilíbrio de dar e receber, sem cobranças. O amor maduro tem problemas? Claro que tem. Os problemas oriundos da felicidade, aqueles que buscam encurtar soluções. Pequenas ansiedades dos casais que querem sempre estar juntos. Que não se imaginam sozinhos. Mas, eles são debatidos e se tornam mais fáceis de serem resolvidos e muitos se tornam sementes de soluções, porque terminam por inspirar novos momentos intensos de companheirismo, porque o amor maduro é amor companheiro, solidário. Um abraço, um beijo dos que vivem o amor maduro os levam ao Céu. Passeio nas nuvens com a amada, sensações conhecidas que levam a um prazer tão intenso que palavras não conseguem descrever. Orgulho da amada, que brota pequenina nos meus braços de saudades. Mas, para viver um novo amor na maturidade, depois de passar por outros amores e de ter vivido muitas frustrações e desencantos, requer coragem. Muita coragem para sair do "mesmismo" da vida e enfrentar a nova possibilidade de ser feliz, sabendo que em qualquer relação problemas existem. Que a outra pessoa também tem defeitos e que eles podem lhe incomodar. Requer vontade de aceitar o bom do outro e deixar que o coração ame sem medidas. Que apenas ame. E, despido dos medos e ao lado do meu amor maduro, vejo o mundo em novas cores. Compreendo a serenidade do amor e me quedo diante da sua bondade. Bondade corajosa, exprimida nos mínimos detalhes do que faz para agradar, sem nem pensar nisso. Faz pela inércia do amor. Sem perceber que os seus gestos e atitudes falam poeticamente: Amo-te.
LIBERDADE
"Aqui nesta praia onde não há nenhum vestígio de impureza, aqui onde há somente ondas tombando ininterruptamente, puro espaço e lúcida unidade, aqui o tempo apaixonadamente encontra a própria liberdade."
Sophia de M. B. Andresen
quarta-feira, 13 de junho de 2012
AMOR MADURO
Há quem possa dizer que todo amor, por passar pelos estágios da atração e da paixão, é maduro. Penso que ele, o amor, vai amadurecendo na medida do tempo. Quando é respeitoso, cúmplice, cresce e se transforma em algo tão prazeroso que não cabe somente no casal. Contagia, torna-se bonito de ver porque transmite, sobretudo, paz e serenidade. O escritor Artur da Távola bem o definiu: "O amor maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas silencioso. Não é menor em extensão. É mais definido colorido e poetizado. Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento. O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu, mesmo tento ficado para depois, vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados, cheios de sementes." A definição de Artur da Távola poderia encerrar a crônica pela riqueza da definição sobre o amor maduro. Entretanto, devo confessar o amor maduro que começa na idade madura, e não o amor que amadurece naturalmente. Uma história real de um amor que nasce entre duas pessoas que há muito não se via e que se encontram durante um tempo de solidão e alguns sofrimentos. Amor que se sobressaia de uma antiga amizade e que brota tão puro, tão sincero que dá a impressão de existir a muitos anos. Esta é a sensação do meu amor maduro. Encontrado por acaso numa noite morna de uma quarta-feira estrelada. Teria sido um acaso ou uma providência? Creio na providência, na cumplicidade de Deus, que permitiu que duas pessoas solitárias pudessem se encontrar para uma nova vida. Também, por causa do desdobramento poético e tranqüilo desse encontro que nos uniu de forma tão intensa. Porque amar é buscar a simplicidade do sentimento, sem inibições, subterfúgios, mentiras. Amar é simplesmente se deixar levar pelo equilíbrio de dar e receber, sem cobranças. O amor maduro tem problemas? Claro que tem. Os problemas oriundos da felicidade, aqueles que buscam encurtar soluções. Pequenas ansiedades dos casais que querem sempre estar juntos. Que não se imaginam sozinhos. Mas, eles são debatidos e se tornam mais fáceis de serem resolvidos e muitos se tornam sementes de soluções, porque terminam por inspirar novos momentos intensos de companheirismo, porque o amor maduro é amor companheiro, solidário. Um abraço, um beijo dos que vivem o amor maduro os levam ao Céu. Passeio nas nuvens com a amada, sensações conhecidas que levam a um prazer tão intenso que palavras não conseguem descrever. Orgulho da amada, que brota pequenina nos meus braços de saudades. Mas, para viver um novo amor na maturidade, depois de passar por outros amores e de ter vivido muitas frustrações e desencantos, requer coragem. Muita coragem para sair do "mesmismo" da vida e enfrentar a nova possibilidade de ser feliz, sabendo que em qualquer relação problemas existem. Que a outra pessoa também tem defeitos e que eles podem lhe incomodar. Requer vontade de aceitar o bom do outro e deixar que o coração ame sem medidas. Que apenas ame. E, despido dos medos e ao lado do meu amor maduro, vejo o mundo em novas cores. Compreendo a serenidade do amor e me quedo diante da sua bondade. Bondade corajosa, exprimida nos mínimos detalhes do que faz para agradar, sem nem pensar nisso. Faz pela inércia do amor. Sem perceber que os seus gestos e atitudes falam poeticamente: Amo-te.
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