Imagem Google
.
Passei minha infância com trauma de feijão, principalmente de feijão feito com leite de coco e coentro, receita preferida do meu pai. Muitas vezes “engolia” o feijão por causa de uma “maldita” sandália de plástico duro, a quem demos o nome de “Brigite” e não me pergunte o porquê, que papai arrumou não sei aonde e nem com quem, tirando-lhe as tiras e deixando só o solado, que era colocada a postos na mesa para quem não quisesse comer o “bendito” feijão.
Dizia papai que eu não era chinesa para só querer comer arroz e estava ficando “amarela” por não comer feijão. Sempre o feijão!
.
Marli trabalhava em nossa casa, morava no Porto, em Nísia Floresta, e seus irmãos eram pescadores na lagoa de Papary e lá, feijão não entrava!
.
Sempre que Marli ia para casa lá ia eu, com uma “feira” providenciada por mamãe, pensando, ela, que eu iria comer outra coisa além de peixe com pirão.
Aquela casa simples de pescador feita de taipa, coberta de palha e de chão batido, tornara-se o meu refugio. Era o lugar onde eu não era obrigada a comer feijão. Lá eu estava livre de “Brigite” e... Do feijão!
.
Na minha visão infantil eu não entendia por que para ficar forte e saudável a gente tinha que coisas que não gostávamos. Mas, na casa de Marli tudo que eles tinham era peixe com pirão.
.
Com as lições recebidas vida a fora, com exceção de quiabo, aprendi a comer e a gostar de tudo. Principalmente, de feijão. Mas, não me sai da memória a sensação de liberdade que eu sentia em me deliciar com o peixe com pirão coberto da casa de Marli.
Nenhum comentário:
Postar um comentário