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No nosso cardápio diário tínhamos carne de sol com feijão verde, bife, peixe em posta e camarão. Muito camarão. Aos sábados uma boa galinha caipira e aos domingos um belíssimo cozido.
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Éramos cinco filhas mulheres e três filhos homens. Em nossa casa algumas comidas eram “proibidas”. Papai não comia carne de porco, mas mamãe criava porcos de “meia” com a nossa lavadeira para no final do ano, além do pernil de Natal, faturar algum dinheiro extra.
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Papai, não comia siri, muçum, miúdos de nenhum animal e peixes pequenos. E foi nessa seletividade de papai, principalmente nos dias em que o almoço dele era bacalhau, (nenhuma das mulheres gostava do prato, acho que até hoje as mulheres da família têm alguma restrição a bacalhau), que foi instituído o almoço das mulheres. Nesses dias, geralmente, minha mãe preparava uma feijoada bem nordestina, com feijão mulatinho, onde na panela grande pairava, além de uma carne de charque maravilhosa, “buchos”, “livros”, “tripas” de boi, pés, rabos, costelas de porco salgado e todo tipo de verduras e legumes disponíveis na época. Além da feijoada, tínhamos o privilégio de ter “seu” Nelson pescador, que passava todos os dias, pela manhã, com os cestos cheios de siris, muçuns, peixes e camarões, ainda “bulindo” recém pescados na lagoa de Papary e nós mulheres, rodeávamos os cestos a escolher o prato do dia. Era dia das mulheres! E nesses dias meu pai sempre almoçava antes da gente o seu prato do dia a dia e nós, as mulheres da casa, nos deleitávamos depois com as nossas comidas “proibidas”.
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